Após dois anos de capacitação, alunos do curso de confecção de vestuário, acessórios e material esportivo formaram com carteira de trabalho assinada
Fotos Renato Araujo/Agência Brasília
O papel de ressignificar a vida das pessoas por meio da qualificação profissional ganhou capítulo importante nesta quarta-feira (27). A última turma formada no ano pela Fábrica Social coroou um projeto-piloto de levar os alunos direto para o mercado de trabalho. Quatro pessoas receberam o certificado de conclusão do curso de confecção de vestuário, acessórios e material esportivo juntamente com a carteira de trabalho assinada (veja mais no vídeo abaixo).
Antônia Conceição Matos Fontenele, 38 anos, é uma delas. Moradora de Santa Maria e mãe de três filhos – 20, 14 e 10 anos -, ela passou os últimos dois anos se deslocando até a Fábrica Social da Estrutural, onde aprendeu técnicas de costura. Ela, que vez ou outra fazia trabalhos em casa com as máquinas da sogra, buscava mais. “Eu queria aprimorar o que eu já sabia. Queria aprender mais”. Fotos Renato Araujo/Agência Brasília
“Eu tenho 22 anos de casada e a minha vida toda foi cuidar de casa e dos meus filhos. Agora meus filhos já estão crescendo e está na hora de pensar um pouco em mim. Crescer como pessoa, crescer profissionalmente. E a fábrica me ajudou muito nisso”, conta.
Agora costureira, Antônia integrou um grupo de 12 pessoas selecionadas para participar de uma experiência do Programa de Vivência, já estabelecido nas novas turmas da Fábrica Social. Por um mês, ela trabalhou em uma produção de moda praia Polo de Modas do Guará. Apesar de não ter intimidade com aquelas peças específicas, a base obtida no curso ajudou.
“No início me assustei, achei que não daria conta. A Fábrica Social me ajudou em tudo porque ensinam o manuseio das máquinas, a passar linha, a regular. Se a gente não souber e for costurar, não vai progredir para nada”, diz. A profissional se considera feliz por usar aquilo que aprendeu com emprego garantido.
A nova patroa, Maria do Socorro Sousa Vale, valoriza a capacitação. “Há postos de emprego, mas faltam pessoas preparadas, falta mão de obra. Para nós, empresários, uma parceria com a Fábrica Social é de muita ajuda”, avalia. Fotos Renato Araujo/Agência Brasília
Acordos de cooperação
A iniciativa é possível graças a colaboração do Sindicato das Indústrias do Vestuário do Distrito Federal (Sindiveste-DF) e do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico do Distrito Federal (Codese-DF). Subsecretária de Integração Social da Secretaria de Trabalho (Setrab), Thereza De Lamare revela que a junção dessas forças permitiu firmar os acordos de cooperação.
“Com as necessidades que o setor de vestuário tem de profissionais qualificados, é feito um processo seletivo com os alunos que estão terminando o curso, conforme o perfil de cada um, para serem encaminhados para uma empresa. Lá, o aluno tem a vivência profissional”, explica.
No fim, emenda, o profissional tem oportunidade de aprender melhor o processo fabril e o empresário pode contratar os qualificados. Os alunos que ingressaram na Fábrica Social em junho passarão por esse processo. A expectativa é que, destes, ao menos 300 tenham a oportunidade de estagiar por meio da experiência.
Assista ao vídeo:
Seleções para as turmas
Ingressar na Fábrica Social é simples. Além de manter as informações atualizadas no Cadastro Único de Programas Sociais do governo federal (CadÚnico), é preciso morar no Distrito Federal, ter renda familiar per capita de até R$ 178, idade mínima de 16 anos e não ter participado de nenhum processo de capacitação e qualificação do Centro de Capacitação Profissional.
“Esses alunos são selecionados nas regiões mais carentes. Procuramos trazê-los para a Fábrica Social, onde fazem cursos de arte, costura, construção civil”, explica João Pedro Ferraz, secretário de Trabalho e Educação. Ele lembra que houve mudanças no processo pedagógico, privilegiando a formação dos alunos, com qualificação melhor dirigida e mais aprimorada.
Nesta quarta-feira, 78 profissionais saíram certificados da solenidade ocorrida no campus da Estrutural do Instituto Federal de Brasília (IFB). A exemplo de Raimunda Costa da Silva, que diz ter se apaixonado pela nova profissão: “quero continuar costurando”.
Os planos incluem trabalhar em uma empresa ou ateliê até conseguir adquirir suas máquinas. “Estou feliz, realizada. Concluí um curso que é algo que eu queria”, celebra a mulher de 53 anos. Moradora do Riacho Fundo, ela garante que a experiência vale a pena. “A gente sai com certeza que vai dar certo”, conclui.
Com informações da Ag. Brasília
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