Fotografias mostram como as transformações políticas, a partir dos anos 1970, e a sucessão de fatos históricos que ocorreram após a morte do general Franco mudaram a cultura espanhola.
O período da redemocratização espanhola, após o fim do regime de Francisco Franco, é o tema da mostra "Espanha em Transição", que chegou à Câmara Legislativa nesta terça-feira (29). A exposição é composta por fotografias jornalísticas, publicadas em jornais e revistas da época, cedidas pela agência de notícias EFE; e cartazes de filmes realizados entre 1971 e 1981, de cineastas consagrados, como Pedro Almodóvar e Carlos Saura.
Na cerimônia de abertura, o embaixador da Espanha no Brasil, Fernando García Casas, reforçou a importância da liberdade de expressão, principalmente, ao falar sobre a Movida Madrileña, que é retratada na mostra e, ainda, ao recordar sua juventude em meio a esse movimento cultural com repercussões em todo o mundo. Ele relatou também que a supressão da censura "foi como a vida entrando nas ruas e vilarejos" e que a possibilidade de se expressar com liberdade foi extremamente significativa para todos os espanhóis de dentro e fora do país: "Eu tinha 18 anos, estava na Universidade de Madri, e pude viver com intensidade o que tudo isso foi para nossa geração e para a de nossos pais. Foi uma mobilização, uma efervescência de ideias. Os amigos, a política, os protestos, o amor. Foi uma época inesquecível", relembrou.
Já o presidente da Câmara Legislativa, deputado Rafael Prudente (MDB), traçou um paralelo entre a redemocratização da Espanha e a do Brasil, que ocorreram com apenas dez anos de diferença. Ele declarou ser uma honra receber a comitiva espanhola e os embaixadores de diversos países que participaram da abertura da exposição no Foyer do Plenário da CLDF. "Estamos na Casa do Povo, onde recebemos pessoas não só do Brasil, mas do mundo todo. Aqui, Brasília está representada e esta é a nossa vocação", afirmou.
Transformações – Sobre a escolha das fotografias, a gestora cultural da Embaixada da Espanha, Tatiana Guedes Barros Souza, explicou que se guiou por um eixo político e cronológico com o objetivo de mostrar como as transformações políticas, a partir dos anos 1970, e a sucessão de fatos históricos que ocorreram após a morte do general Franco mudaram a cultura nacional. "A ideia é mostrar que, passados cinco ou dez anos dessa sequência de fatos políticos, começa a surgir uma cultura alternativa contrária ao que havia antes do início do processo de redemocratização", esclareceu.
A diretora do Instituto Cervantes, Rosa Sanchez, referindo-se aos cartazes dos filmes, relatou que as duas partes da exposição conversam entre si, uma vez que retratam a transição espanhola por óticas diferentes. Ela ressaltou o papel da cinematografia na percepção e discussão de temas importantes à democracia: "Depois de uma ditadura, vemos a vida de outra forma. O cinema dá uma visão diferente e pode tratar de uma maneira mais geral temas que eram proibidos, como liberdade de expressão, questão de gênero e liberdades em geral", justificou.
Além de representantes do governo do Distrito Federal e da área cultural brasiliense, participaram da abertura da exposição, embaixadores da Nicarágua, México, Bielorrússia, Países Baixos, Alemanha, Cuba, Costa Rica, além da União Europeia. Também estiveram representadas as embaixadas de El Salvador e República Dominicana. A mostra é uma realização da Embaixada da Espanha e da Cooperación Española - Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento, com apoio da Agência EFE, Instituto Cervantes e do Conselho Curador de Cultura da CLDF.
Victor Cesar Borges (estagiário)
Fotos: Fabrício Veloso/CLDF
Núcleo de Jornalismo – Câmara Legislativa
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