Alguns veículos de comunicação do Distrito Federal estão indignados com uma rasteira que estão prestes a levar da agencia de publicidade Agnelo Pacheco.

É uma situação no mínimo estranha, envolvendo uma PROPOSTA feita pela agência e aparentemente com o conhecimento e concordância da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Ocorre que a Agnelo Pacheco, contratada pela CLDF para agenciar a publicidade da Casa junto aos jornais, blogs, rádios e tvs, sob a alegação de falência da empresa, deu um calote em alguns veículos e, tudo indica, pretende dar um ainda maior em outros.



ENTENDA O CASO
No fim do ano de 2016, fim também da gestão da Mesa Diretora Biênio 2015/2016, o departamento de publicidade da Câmara Legislativa distribuiu, por intermédio da agência Agnelo Pacheco, anúncios publicitários da campanha “CLDF E VOCÊ” para vários veículos de comunicação comunitários e mídias eletrônicas. Todos eles cadastrados dentro das regras estabelecidas pela CLDF e, portanto, habilitados para receber o pagamento pelo serviço prestado.
Os veículos que publicaram as peças publicitárias o fizeram mediante PIs (Pedidos de Inserção) emitidas pela agencia e autorizadas pela CLDF. 
Estes veículos de comunicação apresentaram a devida Nota Fiscal e os comprovantes de veiculação, também conforme as regras e condições estabelecidas pelo cliente contratante, no caso, a Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Após analisar e aprovar os documentos apresentados pelos veículos de comunicação (Nota Fiscal e os comprovantes de veiculação), o órgão responsável pela publicidade da CLDF encaminhou os processos para a Agnelo Pacheco e repassou a verba para o pagamento de um grupo deles, já descontados os 20% de comissão de que tem direito as agências de publicidade.
Isto para apenas um grupo de veículos. Outro grupo com igual volume a receber (cerca de R$ 2 milhões) estão com os processos parados na CLDF aguardando a confirmação do pagamento para a primeira leva de veículos.

O primeiro grupo não recebeu o repasse do pagamento devido pela Câmara Legislativa por parte da Agnelo Pacheco por, segundo informações da agência, falência da empresa.
Apesar de o contratante, beneficiário do serviço e o cliente ser a Câmara Legislativa, a Mesa Diretora da Casa eleita para o biênio 2017/2018, que seria a responsável pelo pagamento aos veículos, legalizou o calote ao “lavar as mãos” e deixar os jornais no prejuízo (a maioria deles de pequenos empresários).

Os proprietários dos veículos sempre que procuraram informações sobre esse pagamento foram orientados (nem sempre com a devida educação e respeito) a processar judicialmente a agência e não cobrarem da CLDF, que é o cliente devedor de direito, conforme a interpretação de vários juristas consultados.
Destaque-se que os veículos de comunicação não participam, não opinam, não influem, não decidem e são impotentes no processo de licitação e contratação das agências de publicidade que prestam serviços para a Casa, privilégio exclusivo dela.

A PROPOSTA
Veículos do primeiro grupo que levaram o calote da agência com a omissão permissiva da Mesa Diretora da Câmara Legislativa eleita para o biênio 2017/2018, estão recebendo um contato telefônico no mínimo estranho.
Uma senhora que se identifica como Dra. Ludmila, representando a agência Agnelo Pacheco, está propondo o pagamento de quitação do serviço prestado ao primeiro grupo, condicionando para isso um desconto de 70% em prejuízo dos veículos.
A justificativa, segundo Dra. Ludmila, é que a segunda parcela do pagamento pendente na CLDF para o segundo grupo, só será liberada com a devida quitação do pagamento aos veículos do primeiro grupo.

RESUMO DO GOLPE
A Agnelo Pacheco, que recebeu o valor integral para ser repassado ao primeiro grupo e recebeu 20% do volume como comissão legal, quer também mais 70% de desconto para pagar o que deve aos veículos. Para, segundo a própria agência, que a Câmara Legislativa libere a parte do pagamento que, em tese, será repassado para o segundo grupo, que a julgar pela ética da proposta, corre o perigo de só receber também com o mesmo desconto.

PRECEDENTE PERIGOSO
Alguns veículos de grande e pequeno porte, pressionados por dificuldades financeiras e dívidas (algumas, consequências desse calote) estão aceitando a “PROPOSTA” da agência e recebendo apenas 30% do valor total do serviço prestado.
Nada impede a agência de tentar agir da mesma forma com a turma do segundo grupo (ou pior). Como o agenciamento de publicidade para órgãos públicos é contrato temporário e de acordo com gestões e mandatos, o expediente utilizado pela Agnelo Pacheco poderá ser usado também por outras agencias em ocasiões futuras.

ASVECOM
Edvaldo Brito, presidente da Associação de Veículos Comunitários do DF e Entorno – ASVECOM, disse que os associados da entidade são livres para escolher aceitar ou não a PROPOSTA, mas se posicionou contrário ao que foi proposto pela agência.
Segundo ele, “é uma proposta antiética, constrangedora e no mínimo indecente, que diminui a importância dos veículos de comunicação e o respeito que lhes é devido por clientes e agências”. 

CÂMARA LEGISLATIVA
Solução pela CLDF? Nem pensar. 
Os membros da Mesa Diretora da Câmara Legislativa biênio 2017/2018 responsável pelo pagamento aos veículos, não tiveram seus mandatos renovados nas urnas nessas eleições e com certeza não darão a mínima para o prejuízo dos veículos.


Fonte: Folha da Comunidade DF