A terceira noite de exibição da Mostra Brasília, que reúne os filmes concorrentes ao Troféu Câmara Legislativa, reservou quatro produções locais para o público presente ontem (20) no Cine Brasília, onde ocorre o 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Em mais uma noite sem poltronas vazias, os quatro filmes foram bem recebidos, arrancando aplausos e manifestações de empolgação da plateia, especialmente o curta "Afronte", de Marcus Azevedo e Bruno Victor e o longa "Jeitosinha", de Johil Carvalho.
"Afronte" foi o primeiro filme a ser exibido. O curta transita entre o documentário e a poesia, com cinematografia apurada e discurso profundo sobre homossexualidade e negritude. "Afronte" é um grito de liberdade que ecoa no ritual de se incorporar uma drag queen negra ou no desfile de jovens negros gays em uma rua de uma cidade satélite a poucos quilômetros das arcaicas estruturas do poder conservador nacional. "Bichas pretas sofrem duplamente", enfatizou Bruno Victor antes da exibição do filme. E emendou com uma crítica à recente decisão do TJDFT que deu aval a psicólogos para tratarem gays como doentes: "Homofobia e racismo, isso sim são doenças". Já Marcus Azevedo definiu "Afronte" como um ato de militância. "O filme é sobre resistência, afeto, sensualidade e história. Queremos uma sociedade melhor, livre de homofobia e racismo", afirmou, sob aplausos.
Em seguida, a plateia conferiu "Habilitado para morrer", curta de Rafael Stadniki. O filme é um thriller policial com montagem ágil e enredo bem humorado, envolvendo mafiosos, corruptos e agentes da lei. "Todos que participaram deste curta são universitários. Somos todos gratos à faculdade de Comunicação Social da Universidade de Brasília pelo apoio", disse. "A inviolável leveza do ser", de Julia Zakarewicz, com apenas 2 minutos de duração, foi o último dos curtas a ser exibido. Antes, a diretora salientou a importância do incentivo à cultura e à arte nas escolas.
Então chegou o momento de se conferir o longa metragem da noite, "Jeitosinha", de Johil Carvalho. O filme é uma comédia de ficção baseada no livro "Jeitosinha, mas vagabunda", de Maurício Ricardo, que narra a história de um menino criado como menina, às voltas com sua condição sexual e seu relacionamento com a família. Com ares fantásticos e abordagem leve, o longa conta com algumas boas atuações, como Bianca Muller no papel da protagonista e Carmem Moretzsohn no papel da mãe, e personagens caricatos, como Ambrósio, interpretado por André Mattos. Embora ovacionado pela maioria do público presente, o filme também provocou algumas reações negativas quando carregava no tom de comédia envolvendo a condição sexual da protagonista.
A Mostra Brasília segue até amanhã (22), com exibições a partir das 18h30, no Cine Brasília, com entrada franca. Os filmes são reexibidos às 10h do dia seguinte no auditório da Câmara Legislativa para estudantes de escolas públicas e demais interessados. Confira os filmes selecionados, a programação das exibições e o júri que vai eleger as melhores produções locais desta edição do Troféu Câmara Legislativa.
Éder Wen
Foto: Silvio Abdon
Comunicação Social - Câmara Legislativa
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