Grupo estava em quadra próxima, e inclui menor de idade; participação de cada um ainda é investigada. Maria Vanessa foi assaltada e morta a facadas; pertences estavam em contêiner de lixo.

Por Letícia Carvalho e Natália Godoy, G1 DF e TV Globo

Polícia do DF prende suspeito de matar servidora pública na Asa Norte

A Polícia Civil do Distrito Federal deteve, na noite desta quarta-feira (9), três homens suspeitos de participação na morte da jornalista e servidora pública Maria Vanessa Veiga Esteves. Ela foi assassinada com golpes de faca durante um assalto na 408 Norte, na noite de terça (8).

Além dos dois suspeitos adultos que já tinham sido identificados, um adolescente de 15 anos que estava com eles no momento da abordagem também foi detido. Até as 19h30, a Polícia Civil apurava se ele tinha envolvimento no crime.

Segundo a corporação, o grupo estava em uma quitinete na comercial da 208 Norte – quadra vizinha ao local do crime. No apartamento, a polícia encontrou latas e cachimbos para consumo de crack.

A bolsa, os documentos pessoais, as chaves e o celular de Maria Vanessa foram achados em um contêiner de lixo naquela mesma quadra, e serviram como orientação para as buscas.

Além das facas usadas pelo grupo, Polícia Civil encontrou bolsa e documentos de servidora morta a facadas (Foto: Letícia Carvalho/G1)

O delegado-chefe da 2ª DP, Laércio Rossetto, afirma que o menor de idade assumiu a autoria do assassinato, e disse que cometeu o crime "porque estava com vontade de matar". Após o depoimento, ele foi encaminhado à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA).

De acordo com Rossetto, informações preliminares apontam que um dos suspeitos era dono da quitinete e, assim como a vítima, estudava na UnB e trabalhava no Ministério da Cultura. Os dados só poderão ser confirmados nesta quinta (10), em contato com as próprias instituições.

"Esse foi um crime covarde, cruel, bárbaro e hediondo. Não havia a menor necessidade de eles terem matado a vítima".

Ainda segundo o delegado, os envolvidos disseram que Maria Vanessa hesitou ao entregar a bolsa e as chaves do carro e, por isso, foi esfaqueada. O suspeito mais velho tem passagens por roubo, porte de arma e receptação mas, de acordo com Rossetto, cumpria prisão domiciliar.

Roupas usadas pelos suspeitos no momento do crime também foram apreendidas (Foto: Letícia Carvalho/G1)

O crime

Maria Vanessa tinha acabado de estacionar o carro em frente ao prédio em que morava, por volta de 23h30, quando foi abordada pelos dois assaltantes, que deram os golpes de faca. Imagens de circuito interno, obtidas pelo G1 e pela TV Globo, mostram a fuga dos homens após o crime.

Câmera flagra ladrões fugindo na Asa Norte

O caso é investigado pela polícia como latrocínio – roubo seguido de morte. Os dois homens fugiram sem levar a chave do carro nem o automóvel. Os vizinhos ouviram os gritos da vítima e chamaram a emergência. Maria Vanessa não resistiu aos ferimentos, e morreu no local antes da chegada da ambulância.

A família de Maria Vanessa mora em Juiz de Fora, Minas Gerais. Ela vivia sozinha em Brasília e trabalhava como analista de projetos culturais da lei Rouanet, no Ministério da Cultura, e também fazia mestrado em jornalismo na Universidade de Brasília, com uma tese sobre o universo das blogueiras de moda.

Policiais fazem perícia em frente a prédio onde houve crime (Foto: TV Globo/Reprodução)

Antes do trabalho no ministério, Vanessa passou por algumas emissoras de televisão aberta e por assinatura, como na criação do canal GNT, e foi a idealizadora do sistema de informática de busca de imagens da Globosat.

Homenagem

No fim da tarde desta quarta, estudantes, professores e técnicos da pós-graduação da Faculdade de Comunicação da UnB prestaram homenagem a Maria Vanessa, que era aluna de mestrado da instituição. Carregando rosas brancas, os amigos relembraram a trajetória da servidora do Ministério da Cultura no jornalismo, o amor dela pela arte e o companheirismo com os colegas do curso.

"Pela vivência que a gente teve, a Maria Vanessa sempre se mostrou uma pessoa extremamente educada em um mundo onde a falta de educação começa a imperar. Não é possível mais voltar ou resolver essa questão, mas a gente espera que a forma como ela conduziu a vida fique de exemplo", disse o coordenador do programa de pós-graduação da Faculdade de Comunicação, João Curvello.

Colegas de pós-graduação de Maria Vanessa prestam homenagem a vítima de assassinato (Foto: Letícia Carvalho/G1)

Luto

Familiares de Vanessa deixaram Juiz de Fora, em Minas Gerais, com destino a Brasília no fim da manhã desta quarta para providenciar o enterro.

O programa de pós-graduação de comunicação da Universidade de Brasília (UnB), onde Vanessa se especalizava, emitiu uma nota de pesar.

"Vanessa sempre estampou um belo sorriso no rosto e nunca hesitou em tentar ajudar e animar os colegas com suas constantes palavras de incentivo e seu abraço carinhoso. Os professores, os funcionários, os alunos do Programa de Pós-graduação e a direção da Faculdade de Comunicação lamentam a perda desta inestimável colega e amiga com a certeza de que a sua memória estará sempre presente nos corações dos que tiveram o privilégio de conviver com Vanessa."

Crimes no DF

Dados da Secretaria de Segurança Pública mostram queda nos índices de latrocínio no DF. No último mês de julho, foram registrados dois casos de latrocínio, contra seis casos no mesmo mês do ano passado. No acumulado, de janeiro a julho deste ano, segundo a secretaria, foram 20 ocorrências. No mesmo período de 2016, foram 28 ocorrências.