Servidores contraíram sarna, diz entidade; Segurança Pública diz que não foi comunicada oficialmente. Infecções se espalharam na Papuda, na Colmeia e no sistema socioeducativo.
Por Letícia Carvalho, G1 DF
Camas usadas por detentos no presídio da Papuda, em Brasília (Foto: Ministério Público/Divulgação).
As doenças de pele que atingem os detentos do Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, também foram contraídas por pelo menos quatro agentes penitenciários até esta terça-feira (8), segundo informações do sindicato da categoria. O governo do DF não confirma o número.
De acordo com o sindicato, três servidores receberam, nos últimos dias, o diagnóstico de escabiose – doença popularmente conhecida como "sarna". Além desses, um quarto funcionário iniciou tratamento há um mês para combater a infecção.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que “com exceção do afastamento de um agente policial de custódia lotado no Centro de Progressão Penitenciária (CPP) no período de 24 de julho a 31 de julho para tratamento de impetigo, não houve oficialmente nenhum outro comunicado de novos casos de contaminação de servidores no sistema”.
Detalhe da infecção que agente penitenciário do DF teria contraído (Foto: Sindicato dos Agentes de Atividades Penitenciárias/Divulgação)
Caso conhecido
O paciente confirmado pela Secretaria de Segurança Pública foi infectado no início do mês e trabalha no Centro de Progressão Penitenciária (CPP), no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Segundo a diretora do Sindicato dos Policiais Civis Marcele Alcântara, o agente foi contaminado por algum preso que estava alojado na carceragem, destinada aos detentos do regime semiaberto.
"Tem um agente penitenciário que faz tratamento há mais de um mês, mas não consegue matar a bactéria. Ele contou que a doença está causando prejuízo até para a vida familiar dele", detalhou o presidente Sindicato dos Agentes de Atividades Penitenciárias, Leandro Allan.
Dois dos casos relatados pelo sindicato ocorreram no Centro de Internamento e Reeducação (CIR). As outras incidências foram registradas na Penitenciária do Distrito Federal 1 (PDF1) e na Penitenciária Feminina – conhecida como Colmeia.
Leandro Allan disse ainda que os servidores não foram afastados do trabalho e que a “Secretaria de Segurança não ofereceu apoio aos agentes”. A categoria vai se reunir na próxima quinta-feira (10) para “debater medidas de atuação frente ao surto de doenças na Papuda”.
As secretarias de Segurança Pública e de Saúde apontaram que os casos de doença de pele identificados desde 20 de julho no sistema prisional “estão sob controle”. Até a última atualização, feita em 28 de julho, 2,6 mil internos foram diagnosticados com as infecções.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, as equipes da Gerência de Saúde Prisional estão fazendo, nesta semana, uma “retriagem” nas carceragens para reavaliar os pacientes. A previsão é que os dados sejam atualizados na próxima sexta-feira (11).
Na segunda (7), o G1 noticiou que sete adolescentes que cumprem medida socioeducativa em uma unidade de internação do Guará foram atingidas por infecções de pele na última semana. De acordo com a Secretaria da Criança, elas foram levadas ao hospital na sexta-feira (4) e diagnosticadas com escabiose. A pasta apura o caso.
Casos na Colmeia e na Papuda
Na última sexta, a Secretaria de Segurança Pública confirmou que uma detenta da Penitenciária Feminina, única unidade prisional que não havia registrado caso de infecção, contraiu impetigo, uma doença causada por bactéria. Ela foi isolada e está em tratamento com antibióticos, apontou a SSP.
O Presídio Feminino fica no Gama, a uma distância de 40 km do Complexo da Papuda onde mais de 2,6 mil detentos estão com doenças de pele – o que representa 17% do total de internos.
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