Estudantes como Matheus Pereira experimentam aulas de discotecagem, dança, grafite e pipa. Nesta semana, projeto que tem apoio da Secretaria de Cultura será levado a colégios e unidade de internação de Santa Maria.
Com o objetivo de qualificar o acesso à cultura urbana, diferentes coletivos do Distrito Federal se uniram para levar oficinas de discotecagem, dança, grafite e pipa a estudantes dos ensinos fundamental e médio da rede pública. As ações do Periferia 360º são levadas diariamente a uma escola previamente escolhida.O aluno do Centro de Ensino Fundamental 26 de Ceilândia Matheus Pereira participou da oficina de DJ. Foto: Andre Borges/Agência Brasília
Até agora, o projeto passou por São Sebastião, Planaltina e Ceilândia. A média, segundo os organizadores, é de 1,2 mil alunos atendidos por região administrativa — eles ficam uma semana em cada uma.
Aluno do Centro de Ensino Fundamental 26 de Ceilândia, Matheus Pereira, de 13 anos, não hesitou e foi o primeiro a se voluntariar para testar os equipamentos de som na oficina de DJ. “Meu estilo preferido é o sertanejo, mas gostei de conhecer outro”, conta o estudante do 7º ano.
Na aula, os participantes ouvem brevemente sobre técnicas, estilos e mixagem de som, por exemplo. Cada aluno tem ainda a chance de operar os aparelhos.
"Queremos que valorizem a cultura periférica e que o façam com responsabilidade"Johnny Costa, o Gato Preto, do coletivo Nós que faz
Nesta semana, as oficinas serão encerradas com atividades em colégios e em uma unidade de internação de Santa Maria. A iniciativa é possível por meio de apoio do governo local, via Secretaria de Cultura.
Para o projeto, a pasta assinou um termo de fomento com o Instituto Cultural Black Spin Breakers. O auxílio financeiro soma R$ 195.972,58 e arca com toda a estrutura, como equipe, oficinas, palestras, aluguel de equipamentos e material didático.
“Nas oficinas, contamos sobre a origem da cultura hip-hop, explicamos as diferenças do grafite e da pichação. Queremos que valorizem a cultura periférica e que o façam com responsabilidade”, explica Johnny Costa, de 50 anos, conhecido como Gato Preto, do coletivo Nós que faz.
Depois de passar pela oficina de grafite, Evellyn Silva, de 12 anos, resumiu a aula: “Aprendi que não devemos entrar no mundo das drogas e que devemos respeitar todas as pessoas que merecem, principalmente a família”.
A subsecretária de Cidadania e Diversidade Cultural da pasta de Cultura, Jaqueline Fernandes, pontua que o governo tem trabalhado o tema desde o início da gestão.
"Temos feito ações voltadas para a cultura hip-hop, não só na área de linguagens artísticas, mas também de movimento social"Jaqueline Fernandes, subsecretária de Cidadania e Diversidade Cultural
“Temos feito várias ações voltadas para a cultura hip-hop, não só na área de linguagens artísticas, mas também de movimento social com atuação nas regiões administrativas”, avalia.
O Instituto Cultural Black Spin Breakers surgiu em 2004 e foi formalizado em 2006. A iniciativa foi de um grupo de b-boys (dançarinos de hip-hop). Ao ganhar experiência, o grupo englobou outras atividades, como espetáculos e festivais musicais.
Produtor executivo do instituto, Roni Cézar Santos, de 40 anos, destaca que as oficinas são fruto do festival Periferia 360º — promovido em novembro 2016.
O evento contou com apresentações artísticas no Museu Nacional com apoio do governo. “Queremos algo que tenha uma continuidade, um legado”, observa. O festival se repetirá neste ano, em outubro.
O termo assinado com a Cultura engloba ainda oficina de robótica — que será ministrada aos sábados na Escola Parque de Ceilândia. A intenção é montar uma equipe para disputar competições.
Além disso, o projeto inclui a escolha de cinco grupos em cada uma das quatro regiões administrativas para gravação de músicas em estúdio.
A prioridade será para músicos que ainda não tiveram a oportunidade de gravar. “Ao mesmo tempo em que tem um diálogo da cultura e educação nas escolas, também temos uma discussão da profissionalização dessa cadeia produtiva”, conclui a subsecretária Jaqueline.
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